sábado, 8 de janeiro de 2011

Os Evangélicos no Brasil - História da Assembléia de Deus

PRIMEIROS EVANGÉLICOS NO BRASIL II

Historiador AD - Belem/PA - Brasil

Rua Azuza. Porém, é opinião geral dos historiadores que a face mais importante do Movimento Pentecostal deu-se na Rua Azuza, em Los Angeles, Califórnia, em 1906, com o pastor William J. Seymour, que foi o instrumento usado por Deus para pregar ardorosamente sobre a promessa do batismo no Espírito Santo. Seu acentuado zelo pela pureza da obra do Senhor levou muitas pessoas a se interessarem em buscar a preciosa bênção dos céus, mesmo aquelas filiadas a outras igrejas.
William J. Seymour, um santo pregador negro, filho de escravos, caminhou sob a influência do Movimento de Fé Apostólica(como o Movimento Pentecostal foi primeiramente conhecido) em Houston, Texas. Charles Parhan tinha aberto outra escola naquela cidade, nos idos de 1905. Foi lá que Seymour recebeu instruções sobre a doutrina pentecostal.[1]
Embora fosse admoestado pelos irmãos em Houston a não partir para Los Angeles, não até que houvesse recebido o batismo pentecostal, Seymour mesmo assim se sentiu impelido a aceitar o convite que lhe fora feito. O resultado de sua ida àquela cidade é bem conhecido, pois em Los Angeles, Califórnia, em 9 de abril de 1906, quando a primeira pessoa na cidade recebeu o batismo no Espírito Santo, de acordo com o modelo bíblico, houve uma reação em cadeia que espalhou a mensagem pentecostal por todas as principais cidades Norte-americanas, principalmente para a cidade de Chicago, onde quase todas as igrejas evangélicas receberam a promessa gloriosa.
Esse movimento se alastrou por várias partes do mundo e caracterizou-se por acentuar o espírito missionário entre os crentes e, conseqüentemente, o interesse em disseminar a sã doutrina entre outros povos, até aos confins da terra, inclusive o Brasil.
 DOIS HOMENS E UMA CHAMADA
 Deus escolheu os missionários suecos Daniel Berg e Gunnar Vingren para executarem a proclamação do seu plano de salvação em terras brasileiras.
Durante o citado avivamento nas igrejas americanas, Gunnar Vingren ansiosamente buscou o batismo no Espírito Santo. Depois de cinco dias de oração, recebeu também o cumprimento da promessa.[2] Daniel Berg já havia sido instruído sobre essa gloriosa experiência, quando de sua ida à Suécia em visita aos seus familiares. Ao retornar para os Estados Unidos, ainda na viagem, recebeu o batismo no Espírito Santo. Uma vez que ambos haviam recebido a bênção, sua experiência de fé os fez colocarem suas vidas no altar, quando Deus os escolheu para esta grande missão: trazer a mensagem pentecostal para o Pará.
A chamada. Isto ocorreu durante o verão de 1910, num sábado à tarde, quando Gunnar Vingren e Daniel Berg visitavam o irmão Olaf Adolfo Ulldin. O Senhor usou tão poderosamente este servo de Deus, que lhes transmitiu uma revelação do Senhor para partirem como missionários ao Brasil, mais precisamente ao Pará. O lugar indicado por Deus era-lhe totalmente desconhecido. Localizando no mapa o distante Norte do Brasil, cheios de ânimo e determinação, começaram a preparar-se para sua nova missão.
O pastor Gideon Ulldin, filho de Adolfo Ulldin, quando da sua visita ao Brasil por ocasião do Jubileu de Ouro das Assembleias de Deus (1961), descreveu como se deu a revelação de Deus que trouxe os pioneiros à nossa terra:
Foi na casa de meus pais, na cidade de South Bend, estado de Indiana (EUA), no ano de 1910, que os irmãos Gunnar Vingren e Daniel Berg receberam a sua chamada para o Brasil. Esses irmãos durante várias semanas hospedaram-se em nossa casa, e oravam constantemente ao Senhor para Ele os guiar quanto ao lugar onde deveriam dedicar suas vidas.
Certo dia, meu pai, Olaf Ulldin, que era um simples pintor de casas, contudo um homem de oração, fazia um trabalho na cozinha de nossa casa, quando repentinamente veio sobre ele o Espírito do Senhor. Ele ajoelhou-se e logo a família fez o mesmo, como também os hóspedes Gunnar Vingren e Daniel Berg.
Eu, um menino de onze anos nesse tempo, ouvi meu pai falar em profecia a esses jovens pastores: “Ireis ao Pará. O seguinte é um hino que ouvireis quando ali chegardes”. Meu pai então cantou em língua estranha (realmente em Português, língua que não conhecia sendo nascido na Suécia) um hino que mais tarde os missionários puderam identificar. Tudo isso foi debaixo da unção e da inspiração do Espírito Santo.[3]
Junte-se à revelação divina, a confirmação dos seguintes detalhes: o mapa do Pará, tipo de alimento dos paraenses, sua língua, a data da viagem. Tudo confirmado! Ao obedecerem à comissão que lhes fora confiada, credenciaram-se às bênçãos dos céus e ao galardão pelas almas ganhas no Brasil. Assim, eles trouxeram a mensagem pentecostal para o País, chegando a Belémno dia 19 de novembro de 1910.
Ao desembarcarem, logo descobriram que tudo lhes era estranho, de modo que encontraram muitas dificuldades, principalmente a barreira do idioma. Tais dificuldades foram aumentadas com a falta de recursos financeiros, pois além de serem pobres, não eram mantidos por nenhuma organização missionária, enviados que foram unicamente por Deus, que se incumbiu de providenciar-lhes o necessário.
De fato, o Senhor dirigiu a vida de seus servos. De início, conseguiram alojamento, por alguns dias, no porão de um templo da Igreja Batista, na Rua João Balbi, 406.
As igrejas protestantes de então tomaram conhecimento da chegada dos missionários, e estes, por sua vez, passa­ram a receber convites para visitá-las. Nessas ocasiões, os missionários apenas cantavam hinos de louvor a Deus em seu próprio idio­ma, pois pouco conheciam da Língua Portuguesa.
Quando começaram a entender o nosso idioma, iniciaram, de fato, o trabalho para o qual o Senhor os tinha enviado. Testificavam de Jesus, enfatizando a salvação, o batismo com o Espírito Santo, a cura divina e o uso dos dons espirituais.
A princípio, poucos membros da Igreja Batista se interessaram por essa doutrina, pois acreditavam ser a mesma ultrapassada. Mas, à medida que Daniel Berg e Gunnar Vingren procuravam ensinar-lhes, comprovando a sua atualidade através da Bíblia Sagrada, o grupo de interessados crescia, e isso fez com que surgissem facções dentro daquela igreja.
Havendo divergência, somente alguns aceitaram a doutrina. Todavia, a atitude dos irmãos que rejeitavam não foi obstáculo para que os pioneiros recuassem ou ficassem temerosos. Pelo contrário, tornaram-se mais ousados, pois criam que o Senhor era com eles.
O tempo passava. Seis meses depois da chegada dos missionários, o irmão Gunnar Vingren foi convidado para dirigir um culto de oração e, ao fazer uso da Palavra, falou da necessidade de o crente ser revestido do poder do alto. A maioria dos presentes alegrou-se com a doutrina.
Primeiro batismo no Espírito Santo. Outras reuniões de oração foram realizadas nas casas de al­guns membros daquela igreja, os quais clamavam insistentemente a Deus, pois já reconheciam que a doutrina do batismo com o Espí­rito Santo poderia se tornar uma realidade em suas vidas.
Sendo assim, ao alvorecer do dia 8 de junho de 1911, a irmã Celina Albuquerque, orando em sua casa, juntamente com outros irmãos, teve o privilégio de ser a primeira evangélica brasileira a receber o cumprimento da promessa, falando em línguas, tal como os primitivos cristãos no dia de Pentecostes.
No dia seguinte, a irmã Maria de Nazaré de Araújo foi também batizada com o Espírito Santo.



[1] SLICK, Matthew J. Breve Histórico do Pentecostalismo.
[2] VINGREN, Ivar. Diário do Pioneiro, pg. 25.
[3] Mensageiro da Paz, Ano 31, Ago/1961, pg. 4.

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