sábado, 8 de janeiro de 2011

Os Evangélicos no Brasil - Nasce a Assembléia de Deus e a Expansão Ministerial

EXPANSÃO MINISTERIAL

Historiador AD

Uma vez estabelecida a Assembleia  de Deus (cujo primeiro nome foi Missão de Fé Apostólica), os novos convertidos sentiram de imediato o impulso do Espírito Santo, quando então começaram a testemunhar de Jesus e a ganhar almas, seguindo os passos de Gunnar Vingren e Daniel Berg.
Os resultados (testemunhados com salvação, batismo com o Espírito Santo e também com curas divinas) deram à igreja pentecostal a dimensão que hoje vemos. O rápido crescimento exigiu a consagração de pastores e norteou a expansão ministerial da novel igreja. Enquanto os líderes obedeciam à ordem do Mestre Jesus (em Mateus 9.38: “Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara”), Deus levantava mais obreiros e a igreja continuava crescendo em número e na graça do Senhor.
Primeiros pastores. Gunnar Vingren registra em seu Diário sobre os dois primeiros pastores consagrados:
 Em 1912, no princípio do ano, o irmão Isidoro Filho foi consagrado a pastor e colocado na direção da Igreja em Soure e, no princípio de 1913, o irmão Absalão Piano também foi separado para o pastorado e passou a dirigir a Igreja em Tajapuru.[1]
A partir daí, o Espírito Santo compungiu os corações dos missionários para a separação de vários outros obreiros, até que, hoje, é incomensurável o exército dos seus discípulos.
            Gunnar Vingren consagrou o terceiro pastor, Crispiniano de Melo, seguindo-se Pedro Trajano e Adriano Nobre — estando entre estes primeiros a sair para pregar a palavra de Deus, o irmão José Plácido da Costa, como missionário em Portugal; José de Matos juntou-se a ele, em 1921.
José Paulino Estumano de Moraes foi separado para o ministério pastoral em 15 de dezembro de 1919. Como a obra crescia muito rapidamente, mais estes obreiros do Senhor foram separados para o Santo Ministério: Josino Galvão, José Bezerra Cavalcante, Manoel (Neco) César da Silva, Ananias Rodrigues, José Leonardo, José Menezes, Otoniel Alencar, Manoel Malaquias Furtado, Joviniano Lobato, João Pereira, Amaro Moraes, José Floriano Cordeiro, Almeida Sobrinho, Julião Silva, Francisco Gonzaga, José da Penha, Juvenal Roque de Andrade, João Batista de Melo, Paulino Fontenele da Silveira, João Francisco, Plácido Aristóteles e José Teixeira Rego.
Em Belém, e aonde mais se dirigiam, proclamando a “fé que uma vez foi dada aos santos”, comprovando a chamada divina em suas vidas, os obreiros separados andavam destemidamente anunciando a Palavra de Deus, sob a unção e a direção do Espírito Santo.
            CLÍMACO BUENO AZA
Clímaco Bueno Aza converteu-se a Cristo em 1913, quando sentiu a chamada de Deus para pregar o evangelho. Seguindo os passos de Daniel Berg como colportor e evangelista, trabalhou na região da Estrada de Ferro de Bragança, de modo que ajudou a implantar várias igrejas em 1915. Nesse mesmo ano, surge o sétimo pastor consagrado, João Pereira de Queiroz, que assumiu Timboteua Velha, substituindo posteriormente Pedro Trajano em São Luis do Pará. Isidoro Filho, o primeiro pastor de Bragança, foi substituído por Clímaco Bueno Aza.
Pelo seu trabalho dinâmico, Clímaco Bueno Aza foi comissionado a abrir o trabalho em São Luís (MA), havendo uma expansão grandiosa, graças aos companheiros que ali encontrou. Ali, ele fundou a Assembleia  de Deus em 15 de janeiro de 1922. João Jonas, que aceitara o evangelho no Pará, anos depois se tornou seu grande cooperador e outro verdadeiro apóstolo em terras maranhenses.
JOÃO JONAS
João Jonas, de nacionalidade húngara, era um homem culto que falava dez idiomas e professava a fé ortodoxa grega. Ele chegou ao Brasil em 1932, quando entrou em contato com a Assembleia  de Deus em Santa Isabel do Pará; o líder da igreja era o pastor Julião Silva, que o levou a uma real experiência de conversão a Jesus.
Ele mudou-se depois para Manaus, onde foi batizado nas águas e com o Espírito Santo, e manteve-se trabalhando ali como auxiliar do pastor José Bezerra Cavalcante. Autorizado evangelista, viajou de canoa desde Manaus até Belém; e daqui, por terra, através de uma estrada deserta, viajou a pé até São Luís do Maranhão. Por onde passava, ele pregava a Palavra de Deus com grande demonstração do Espírito e de poder, levando muitos pecadores aos pés de Jesus.
Foi este servo de Deus que, em Lagoa Nova, município de Pedreiras (MA), levou Alcebíades Pereira Vasconcelos a conhecer Jesus como seu Senhor e Salvador. João Jonas fundou dezenas de igrejas em todo o estado do Maranhão e ganhou milhares de almas para Jesus.[2]
Consagração de mais pastores. Nos anos seguintes, o crescimento da obra pentecostal impôs a separação de mais pastores para atender à novel igreja. Homens cheios de fé vieram somar-se aos pioneiros nos esforços para a conquista das almas, tanto em Belém como em outras cidades brasileiras, dentre os quais destacamos: Alcebíades Pereira Vasconcelos, José Pinto de Meneses, Josias Camelo da Silva, Gerson Rodrigues, Deocleciano Cabralzinho de Assis, Ludgero Bispo de Souza, Antônio Petronilo dos Santos, Anselmo Silvestre, Paulo Belizário de Carvalho, José de Souza Reis, Alberto do Espírito Santo Pereira, João Queiroz Pinheiro, João Rocha, José Vicente da Silva, José Ferreira Ribeiro, Joaquim Pereira dos Santos, Manoel Alves Ribeiro, Raimundo Anselmo Borges, Leocádio Duarte de Melo, Paulino Flávio Rodrigues, Francisco Moisés Garcia, José Menezes, Otoniel Alencar, e vários outros.
Quatro líderes de importantes igrejas se converteram a Jesus no mesmo dia, ou seja, em 9 de abril de 1944. São eles os seguintes pastores: Firmino da Anunciação Gouveia (PA), Estevam Ângelo de Souza (MA), Emiliano Ferreira da Costa (CE) e Boaventura Pereira de Souza (MA).
Atualmente, em todo o Brasil, há a presença do testemunho pentecostal da Assembleia de Deus, cujas congregações são verdadeiras agências do Reino de Deus em qualquer cidade ou lugarejo deste imenso País, incluindo-se as que existem nos lugares de mais difícil acesso.
Por conta dessa expansão maravilhosamente abençoada por Deus, tempos atrás era corrente a seguinte máxima:
Em todo lugar, três coisas são sempre encontradas: campo de futebol, cemitério e um templo da Assembleia de Deus.
JOÃO TRIGUEIRO
            Paraibano de Alagoas Grande, João Trigueiro teve um encontro com Jesus em São Félix da Vigia, o que mudou totalmente a sua vida. Ele evangelizou na região das ilhas (Marajó), cooperando com Daniel Berg e Gunnar Vingren, e também com o pastor José Cavalcante de Almeida Sobrinho.
João Trigueiro foi ordenado ao ministério pastoral por Samuel Nyström, em 1930, tendo convivido de perto com os irmãos que formaram a primeira Assembleia  de Deus no Brasil. Jubilado em 1976, quando era pastor da Igreja na Vila do Coqueiro, Ananindeua (PA), faleceu em novembro de 1978, com 90 anos. Ele achava-se incompetente para exercer a honrosa função de pastor. Era pura modéstia.
            João Trigueiro, em 1917, juntamente com Almeida Sobrinho, dirigiu o primeiro jornal evangélico da Assembleia  de Deus, o Voz da Verdade. O jornal Boa Semente, que o substituiu, continuou a publicar artigos de sua autoria. No periódico Mensageiro da Paz, após 1930, muitos foram os artigos doutrinários escritos por ele, que foi o primeiro pastor a defender o uso da televisão para o serviço de evangelização. Em excelente artigo naquele jornal, mostrou que a forma do uso indevido dos meios de comunicação é que os tornavam maléficos para a vida cristã.[3]
JOÃO PEREIRA DE QUEIROZ
            Gunnar Vingren e Daniel Berg ainda estavam na Suécia, quando João Pereira de Queiroz chegou ao Pará, com a idade de sete anos, juntamente com seus pais e irmãos, vindos do Rio Grande do Norte.       
            Sua família ficou estabelecida na região das ilhas, num seringal da localidade de Laguna, em Breves. Em 1903, seu pai, Joaquim Antonio Queiroz, foi assassinado pelo alagoano conhecido como Monteiro e seu filho Bertoldo. Sem ter Cristo na vida, o desejo de vingança de João Queiroz fê-lo sair à procura daqueles que haviam tirado a vida de seu amado pai, mas não conseguiu encontrá-los.
            Em 1917, João Queiroz encontrou a salvação, através da mensagem pregada pelos nossos missionários, tendo alcançado um rápido e seguro crescimento na fé, como um verdadeiro discípulo de Jesus. Ele logo saiu a evangelizar nos rios Guajará e Cururu, e também aonde fosse tratar de seus negócios. Ele era um homem bem sucedido financeiramente.
            João Queiroz progrediu na fé, sendo consagrado pastor em 06 de julho de 1919, pela imposição de mãos de Daniel Berg e Crispiniano de Melo. Em setembro do mesmo ano, quando participava de uma Escola Bíblica em Belém, foi chamado para falar com um irmão em Cristo que desejava vê-lo.
            Ao trocar a costumeira saudação, o irmão desconhecido disse-lhe:
A paz do Senhor Jesus Cristo, irmão. Eu sou Bertoldo. O senhor me perdoa?
Aquele momento lhe foi deveras difícil – ali na sua frente estava um dos assassinos de seu querido pai, a quem antes tanto procurara sem sucesso. Mas agora, sendo uma nova criatura, estendeu-lhe a mão e o perdoou de todo o coração. Eles se abraçaram, unidos que estavam pelo poder do Espírito Santo, pela graça do Senhor Jesus Cristo e pelo amor do Pai.
João Pereira de Queiroz iniciou seu ministério evangelístico nas ilhas, pregando por conta própria durante suas viagens de negócios. Algum tempo depois, em ganhando muitas almas, teve a sua chamada para o Santo Ministério confirmada e assumiu uma igreja nascente: Timboteua Velha, que incluía Baixa Verde.
Ele foi também pastor em São Luís do Pará, igreja que sediou a primeira Convenção da Assembleia  de Deus no Brasil. Esta afirmação deve-se ao fato de ter sido a primeira Convenção Regional, realizada de forma oficial, em agosto 1921, reunindo 15 Igrejas e 13 pastores, entre os quais citamos: Nels Nelson, Manoel Maria Rodrigues, Isidoro Filho, Almeida Sobrinho, José Filinto, Manoel Luza, Pedro Trajano, Manoel (Neco) César, Samuel Nyström e João Queiroz, da igreja organizadora.
            Sentindo o impulso do Espírito Santo, João Queiroz iniciou uma evangelização apostólica em todo o Baixo-Amazonas, sendo o pioneiro desta obra a partir de Óbidos, indo a todos os lugares de difícil acesso, nos quais estabelecia igrejas. Ele foi um exemplo em seguir os passos de Daniel Berg na região das ilhas e na Estrada de Ferro Belém–Bragança.
Tempos depois, já como pastor em Santarém, pôde ser reconhecido como um Apóstolo do Baixo-Amazonas. O reconhecimento de seu trabalho fez o missionário e pastor Nels Nelson entregar-lhe o pastorado da Igreja em Belém, de novembro de 1941 a novembro de 1942, quando esteve de férias. Ele foi também pastor em Manaus.
João Pereira de Queiroz representa, desse modo, uma página gloriosa da fé pentecostal no Brasil.
JOSÉ BEZERRA CAVALCANTE
José Bezerra Cavalcante foi um obreiro valoroso no trabalho do Senhor. A construção do templo central da Igreja em Belém esteve sob a sua responsabilidade e de José Menezes, competentes construtores. Foi consagrado ao ministério no dia 03 de dezembro de 1926, pela imposição das mãos de Samuel Nyström e Nels Nelson.[4]
Ele foi pastor auxiliar de Samuel Nyström durante seis meses, em 1928. Tempos depois, quando pastoreava a Igreja em Bragança, foi convidado pelo missionário Nels Nelson para substituí-lo durante sua ausência por motivo de viagem para a Suécia. Assim, ele assumiu o pastorado da Igreja-Mãe, tendo o pastor Pedro Trajano Pinheiro como seu auxiliar. Permaneceu um ano, dez meses e vinte e sete dias na direção da obra, período em que 215 crentes foram batizados nas águas e muitos outros batizados com o Espírito Santo.
No dia 23 de fevereiro de 1935, o pastor José Bezerra Cavalcante fez o casamento de Nels Julius Nelson e Lydia Dias Rodrigues.
Foi pastor auxiliar de Nels Nelson no período de 09 de abril de 1934 a 27 de janeiro de 1936.[5] Foi pastor em São Luís (MA), em Manaus (AM), fundou o trabalho em Teresina (PI), em 07 de agosto de 1936. Ele foi um dos obreiros que esteve presente na 1ª Convenção, em São Luiz do Pará, em 1921, e também na primeira Escola Bíblica em Belém, em 1922.
JOSÉ MENEZES
            O pastor José Menezes — não confundir com José Pinto de Menezes —foi considerado um dos mais profundos defensores da doutrina pentecostal, tendo somado mais de 50 anos de profícuo trabalho. Ele foi, por longos anos, um dos comentaristas das revistas da Escola Dominical e articulista profícuo do Mensageiro da Paz, com dezenas de excelentes artigos doutrinários publicados. Serviu à Igreja em Belém, foi pastor em Santarém e Manaus.
José Menezes era um homem de Deus, um servo obediente à revelação divina. Seu desprendimento era admirável. Quando pastoreava a Igreja em Manaus, ele teve uma revelação de que iria pastorear a pequena Igreja em Bonito (PA). Ele, então, deixou tudo e obedeceu ao Senhor, sem constrangimento algum, assumindo em seguida o trabalho ali.
Quando faleceu, em 1972, exercia o pastorado da Igreja em Manaus e a presidência da Convenção do Amazonas.
ARMANDO CHAVES COHEN
            Armando Chaves Cohen aceitou Jesus Cristo como Senhor e Salvador em 1938, na Vila Porto Alegre, nas margens do rio Anajás, muito tempo depois da implantação da obra pentecostal no Pará e em nosso país. Mas a sua atuação foi tão importante como a dos primeiros conversos. Nas ilhas, ele começou a pregar o evangelho, nas “plantações de timbó”, lugar que pertence ao município de Anajás.
            Depois de abrir o trabalho em Porto de Moz e Castanhal (PA), Carolina (MA), Tocantinópolis (GO) e outras cidades, ele foi também um dos fundadores do SETA — Serviço de Evangelização do Tocantins e Araguaia, que até hoje existe e reúne muitas igrejas.
Armando Chaves Cohen foi co-pastor da Igreja em Belém, pastor da Igreja em Teresina (PI) e em Capanema (PA), onde foi jubilado. Ele teve o mérito de organizar a Assembleia de Deus no Plano Piloto, Brasília (DF). Exerceu também a função de Diretor da Casa Publicadora das Assembleias de Deus.
Dedicados na obra. Um acentuado número de pastores que serviram à Assembleia de Deus em Belém e no estado do Pará, tiveram atuação dedicada na obra de Deus. Alguns já estão com Cristo, e outros continuam a servir. Estes se incluem numa galeria memorial, pelo muito que fizeram ou ainda fazem.
            Já estão com o Senhor: Josias Camelo da Silva, Pedro Pereira da Silva, Antenor Vital Cantanhede, Afonso Menino Rei, José Rodrigues Muniz, João Batista Oliveira e Eurico Moura. Outros, apesar da idade, ainda vivem e trabalham: Artur Nunes Piedade, Clemente Joaquim de Oliveira, Hilário Rodrigues Mendes, Raimundo Anselmo Borges e tantos outros, cheios de fé, prosseguindo na obra, com suas vidas de dedicação e exemplo a serem seguidos.
Missionários no Brasil. As notícias sobre o avanço da obra pentecostal no Brasil despertaram as atenções dos que tinham chamada de Deus, para saírem em busca das almas. Por isso, chegavam a Belém e a outras regiões do Brasil, missionários vindos principalmente da Suécia e dos Estados Unidos.
Depois de Vingren e Berg, vieram a estas plagas os seguintes obreiros: Otto Nelson e esposa, Samuel Nyström e esposa, Samuel Hedlund, Nels Nelson, Ana Carlson, Boda Palha, Gray de Vris, Augusto Anderson e Esther Anderson, Victor Johson e Elizabeth Johson, Gustavo Nordlund, Herberto Nordlund, Simão Lundgren, Joel Carlson, Orlando Boyer, Nils Kastberg, Algot Swenson, Eurico Aldor Peters, Nels Lawrence Olson, Nils Taranger, Eurico Bergsten, John Peter Kolenda, Carlos Hultgren, Bernhard Johnson Jr., Arders Johnson, Walter Goodbamd, Ema Miller, Paul Aenis, Englund, Horace S. Ward, Albert Widmer e Cecília, e Anderson Johansson.
Todos esses, numa seqüência natural, seguiram a chamada de Deus no coração para a evangelização do Brasil. Muitos outros vieram pos­teriormente em viagens de cooperação com a obra. A Assembleia de Deus no Brasil é profundamente grata pela cooperação desses amados irmãos, cujo trabalho certamente tem um memorial eterno nos céus e será fielmente galardoado.


[1] VINGREN, Ivar. Diário do Pioneiro, pg. 62.
[2] Mensageiro da Paz, Ano 35, No. 17, Set/1965, pg. 7.
[3] CASTRO, Manoel. Os Pioneiros – João Trigueiro, pg. 85.
[4] Diário do pastor José Bezerra Cavalcante, pg. 157.
[5] Ata das reuniões da Igreja em Belém, n. 36 em 09/02/1934 e de 27/01/1936.

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